Política

Prefeito de Linhares vai à justiça para barrar distribuição de absorventes nas escolas.

Se depender exclusivamente do prefeito de Linhares, Bruno Marianelli (Republicanos), a política social de combate à chamada pobreza menstrual não será uma realidade na cidade, na contramão do que vem ocorrendo em centenas de localidades Brasil afora. Isso porque o chefe do Executivo recorreu à justiça para barrar a distribuição de absorventes nas escolas municipais, iniciativa prevista em um projeto já aprovado pela Câmara Municipal.

De autoria do vereador prof. Antônio César (PV), a matéria visa amparar as estudantes matriculadas nas escolas de Ensino Fundamental que não têm condições de adquirir esse item de higiene e, por vezes, chegam a se ausentar das salas de aula durante o período menstrual.

“Isso nos leva a crer que o prefeito tem desprezo por políticas sociais, pois ao agir desta maneira, ignora o dilema vivido por centenas de meninas da cidade e fecha os ouvidos ao clamor vindo dos educadores e educadoras. Mais uma vez, é a Educação sendo colocada em segundo plano”, diz o vereador.

Na tentativa de impedir que essa política se concretize em Linhares, Bruno Marianelli moveu uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, alegando que o projeto de distribuição dos absorventes invade uma competência que é privativa do Poder Executivo, neste caso, do próprio prefeito.

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“Contudo, além do argumento não proceder, o prefeito sequer tomou um passo, uma medida para combater a pobreza menstrual em Linhares, tema que tem sido amplamente discutido na sociedade e nas esferas políticas. Mais que um retrocesso, isso é um desrespeito às mulheres”, completa o prof. Antônio Cesar.

O vereador ressalta que, conforme pronunciado pelos tribunais superiores, é plenamente possível que um parlamentar crie um programa social, que já contempla atribuições de natureza dos órgãos da prefeitura, concretizando a realização de direitos sociais. Inclusive, desde o ano passado está em vigor uma lei federal com matéria semelhante, proposta pelo parlamento e sancionada pelo então Presidente da República.

Impactos da pobreza menstrual

Durante a elaboração do projeto, o prof. Antônio César analisou uma pesquisa divulgada pela marca de cuidados íntimos Always, cujo resultado revelou que uma em cada quatro mulheres já faltou à aula por não poder comprar absorventes. O levantamento mostrou ainda que 45% dessas mulheres acreditam que essas ausências às aulas impactaram negativamente o seu rendimento escolar.

Projeto tinha como finalidade atender famílias que vivem com até R$ 89,00 por mês

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O vereador também considerou que aproximadamente 5 mil famílias de Linhares vivem com até R$ 89 por mês, segundo dados da Secretaria Municipal de Assistência Social. “Se a essas famílias faltam condições de adquirir o básico para a sobrevivência, tal como o alimento diário, imagine para suprir outras carências igualmente essenciais? Mais que uma questão de saúde e higiene, a dignidade menstrual é um direito que não podemos mais negligenciar”, completa.  ⠀

Além da disponibilidade de absorventes nas unidades de Ensino Fundamental, o projeto aprovado também prevê a instituição, no calendário oficial do Município, da Semana da Higiene Menstrual nas escolas, visando à promoção de ações de sensibilização. A matéria sugere que tais ações aconteçam, preferencialmente, na última semana do mês de maio.

 

Por: Azulinho News

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